Prisões de estimação

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A frigideira que abate; o anão que existe e desaparece; o homem preto que se reencontra com o seu próprio cadáver; a gagueira que se espraia até pelas mensagens trocadas em chats; os padres-nossos repletos de cinismo; os folhetos anarquistas proibidos; enfim, a frialdade das não virtudes cotidianas: tudo está aqui, mais ou menos movediço e cintilante, nos contos de Winter Bastos.
Em vários dos contos de “Prisões de estimação” está o menino, o homem vergastado pelos seus medos infantis e fascinado pelos mistérios de casas mal assombradas e pelos desmedidos decotes das meninas e mulheres. Não é raro encontrar narrativas que o próprio patriarcado legitimou, como a do homem que é de verdade porque “come” com vontade – e a antropofagia da obscenidade se torna risível, quando se posta no cadafalso da crítica.
E é com essa sensação tão incômoda quanto prazerosa de vertigem que seguimos os contos de Winter Bastos, em seus meandros que suportam as mais intangíveis dúvidas sobre a sexualidade humana, bem como momentos de puro lirismo em prosa.Dos altos papos sobre a própria literatura até as inseguranças típicas do macho hodierno, as narrativas estão abertas para o mais amplo deleite de um texto com sabor contemporâneo, com tudo o que de mais inespecífico há nessa escrita plena de agoras.

Anabelle Loivos Considera
Professora de Didática Especial de Língua Portuguesa e suas Literaturas – UFRJ
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